Monday, January 27, 2014

A importância da comunicação para o engenheiro agrônomo

Que todo mundo depende do campo para sobreviver, não é novidade para ninguém. Sem uma agricultura forte não existiria comida suficiente, tanto para vegetarianos, quanto para carnívoros ou qualquer outra pessoa.
O que deve ser discutido, no entanto, é que as pessoas parecem não se dar conta da importância do campo. É como se quem vive nos grandes centros urbanos não tivesse ideia de onde vem aquele kit com legumes prontos para colocar na sopa. Alguém plantou o milho, a batata, a mandioca, mas as pessoas parecem não pensar nisso. E, assim, as crianças crescem sem se perguntar como o leite foi parar na caixinha, como os ovos acabaram naquelas embalagens e como o frango virou nugget.
Já que os engenheiros agrônomos não podem dedicar a vida a fazer palestras e visitar escolas mostrando o seu trabalho e ensinando de onde vem o que comemos, o ideal é investir na comunicação e em meios que sejam acessíveis para o público em geral.
É importante que exista um canal de comunicação fácil e direto entre os agrônomos e a imprensa, por exemplo. Porque é necessária a exposição do campo na mídia mas, ao mesmo tempo, é extremamente difícil encontrar um jornalista que viva no campo.
Assim como existem repórteres especializados em esporte, em política, em economia, deveríamos ter jornalistas especializados em agronegócios. Que entendam deste amplo universo, que saibam sugerir pautas, que busquem questionamentos, melhoramentos e corram atrás de fontes capazes de fornecer as informações e o conhecimento que deve ser passado adiante.
Lógico que ter veículos especializados não basta. Uma revista especializada em agricultura, por exemplo, é direcionada a profissionais da área e não ao público em geral, então o conhecimento continua centralizado. É necessário mais. É importante ter assuntos ligados ao campo no jornal diário que as pessoas compram nas bancas. No telejornal que a família se reúne para assistir à noite. Na revista que fala de assuntos do Brasil todo, que traz notícias de educação, política, saúde, entre tantos outros.
As pessoas comuns devem saber falar sobre agricultura, devem entender a importância do que vem do campo. Devem ter dimensão do potencial do nosso país nesta área. Deve saber o que o Brasil exporta e para quem. O que o nosso país compra e por que não produzimos aqui. Agronegócios devem fazer parte dos assuntos corriqueiros.
E como vamos chegar a essa situação ideal? Investimento em comunicação. Falando, escrevendo, disseminando conhecimento. E, neste caso, a internet é um importante aliado dos profissionais de ciências rurais. Quer meio mais fácil de divulgar, trocar e buscar informações? Seja através de fórum de discussão, das redes sociais, de blog...
Hoje em dia os meios de comunicação são tão eficazes que não se fala mais em online ou offline. Já se diz que as pessoas estão on-life, pois estamos o tempo todo conectados, seja através de smartphones, do computador ou até da televisão – que fica conectada à internet. Isso tudo deve ser utilizado a favor dos profissionais do campo.
Um agrônomo que está preparando a terra para o plantio usando um trator, pode estar conectado através do GPS, por exemplo. Assim como outro profissional que está andando no campo para conferir o que foi semeado pode se deparar com uma planta que não conhece (ou reconhece), pode, naquele momento, tirar uma fotografia e postar na internet pedindo informações, usando apenas o celular. Da mesma maneira, uma foto postada na rede social Instagr.am, pode fazer com que leigos aprendam que fruto e fruta não são a mesma coisa. Isso tudo é comunicação, é conhecimento sendo gerado e passado adiante.
O importante é encontrar uma maneira de produzir informação para ser repassada aos amigos, à família, aos amigos de amigos e, assim, criar uma rede de pessoas interessadas nos assuntos do campo.
É de suma importância salientar que, para ter valor, todo o conteúdo deve ser de qualidade. Não vale usar o argumento de que na internet pode tudo, pois assim todo o movimento perde força. Os assuntos descritos devem ser interessantes, escritos de maneira que possam ser entendidos por leigos e não cheio de termos técnicos – e aparentemente indecifráveis.
O português deve ser impecável. Dificilmente um texto com erros gramaticais terá alguma credibilidade. E, mesmo que seja lido por algumas pessoas, não será passado adiante. Por isso é importante ler e reler, prestando atenção ao que foi escrito e será divulgado.
Em diversas profissões já se exige o conhecimento de uma segunda – e até terceira – língua. Com os agrônomos não poderia ser diferente. Para saber se comunicar com profissionais de outros países e aprender com outras culturas, é imprescindível a fluência em outro idioma, além do português.
As fontes sempre devem ser citadas. Escrever, pesquisar, ler, anotar, perguntar... Tudo isso dá trabalho. E ninguém gostaria de ver o resultado do seu esforço publicado com o nome de outra pessoa em um blog ou qualquer outro lugar.
Por isso, sempre que precisar do conhecimento, das palavras ou do trabalho de outros profissionais, deve-se dar os devidos créditos. Não importa se foi uma simples entrevista de três perguntas ou se foi uma pesquisa em um trabalho de 500 páginas, o autor merece ser citado.
Por fim, além da importância da comunicação para transmitir conhecimento à população em geral, é necessário investir na comunicação com outros profissionais das áreas rurais. Os engenheiros agrônomos trabalham de forma integrada com outros profissionais, como zootecnistas, engenheiros florestais e até veterinários. Investir na comunicação com estes e outros profissionais agrega conhecimento e possibilita uma troca de informações que é vantajosa para todos.

Portanto, quanto mais a população em geral e outros profissionais da área conhecerem as funções do engenheiro agrônomo, mais o seu trabalho será reconhecido e valorizado.

Texto da Jornalista Manuela Macagnan

No comments:

Post a Comment