Que
todo mundo depende do campo para sobreviver, não é novidade para ninguém. Sem
uma agricultura forte não existiria comida suficiente, tanto para vegetarianos,
quanto para carnívoros ou qualquer outra pessoa.
O
que deve ser discutido, no entanto, é que as pessoas parecem não se dar conta
da importância do campo. É como se quem vive nos grandes centros urbanos não
tivesse ideia de onde vem aquele kit com legumes prontos para colocar na sopa.
Alguém plantou o milho, a batata, a mandioca, mas as pessoas parecem não pensar
nisso. E, assim, as crianças crescem sem se perguntar como o leite foi parar na
caixinha, como os ovos acabaram naquelas embalagens e como o frango virou nugget.
Já
que os engenheiros agrônomos não podem dedicar a vida a fazer palestras e
visitar escolas mostrando o seu trabalho e ensinando de onde vem o que comemos,
o ideal é investir na comunicação e em meios que sejam acessíveis para o
público em geral.
É
importante que exista um canal de comunicação fácil e direto entre os agrônomos
e a imprensa, por exemplo. Porque é necessária a exposição do campo na mídia
mas, ao mesmo tempo, é extremamente difícil encontrar um jornalista que viva no
campo.
Assim
como existem repórteres especializados em esporte, em política, em economia,
deveríamos ter jornalistas especializados em agronegócios. Que entendam deste
amplo universo, que saibam sugerir pautas, que busquem questionamentos,
melhoramentos e corram atrás de fontes capazes de fornecer as informações e o
conhecimento que deve ser passado adiante.
Lógico
que ter veículos especializados não basta. Uma revista especializada em
agricultura, por exemplo, é direcionada a profissionais da área e não ao
público em geral, então o conhecimento continua centralizado. É necessário
mais. É importante ter assuntos ligados ao campo no jornal diário que as
pessoas compram nas bancas. No telejornal que a família se reúne para assistir
à noite. Na revista que fala de assuntos do Brasil todo, que traz notícias de
educação, política, saúde, entre tantos outros.
As
pessoas comuns devem saber falar sobre agricultura, devem entender a
importância do que vem do campo. Devem ter dimensão do potencial do nosso país
nesta área. Deve saber o que o Brasil exporta e para quem. O que o nosso país
compra e por que não produzimos aqui. Agronegócios devem fazer parte dos
assuntos corriqueiros.
E
como vamos chegar a essa situação ideal? Investimento em comunicação. Falando,
escrevendo, disseminando conhecimento. E, neste caso, a internet é um
importante aliado dos profissionais de ciências rurais. Quer meio mais fácil de
divulgar, trocar e buscar informações? Seja através de fórum de discussão, das
redes sociais, de blog...
Hoje
em dia os meios de comunicação são tão eficazes que não se fala mais em online
ou offline. Já se diz que as pessoas estão on-life, pois estamos o tempo todo
conectados, seja através de smartphones, do computador ou até da televisão – que
fica conectada à internet. Isso tudo deve ser utilizado a favor dos
profissionais do campo.
Um
agrônomo que está preparando a terra para o plantio usando um trator, pode
estar conectado através do GPS, por exemplo. Assim como outro profissional que
está andando no campo para conferir o que foi semeado pode se deparar com uma
planta que não conhece (ou reconhece), pode, naquele momento, tirar uma
fotografia e postar na internet pedindo informações, usando apenas o celular.
Da mesma maneira, uma foto postada na rede social Instagr.am, pode fazer com
que leigos aprendam que fruto e fruta não são a mesma coisa. Isso tudo é
comunicação, é conhecimento sendo gerado e passado adiante.
O
importante é encontrar uma maneira de produzir informação para ser repassada
aos amigos, à família, aos amigos de amigos e, assim, criar uma rede de pessoas
interessadas nos assuntos do campo.
É
de suma importância salientar que, para ter valor, todo o conteúdo deve ser de
qualidade. Não vale usar o argumento de que na internet pode tudo, pois assim
todo o movimento perde força. Os assuntos descritos devem ser interessantes,
escritos de maneira que possam ser entendidos por leigos e não cheio de termos
técnicos – e aparentemente indecifráveis.
O
português deve ser impecável. Dificilmente um texto com erros gramaticais terá
alguma credibilidade. E, mesmo que seja lido por algumas pessoas, não será
passado adiante. Por isso é importante ler e reler, prestando atenção ao que
foi escrito e será divulgado.
Em
diversas profissões já se exige o conhecimento de uma segunda – e até terceira
– língua. Com os agrônomos não poderia ser diferente. Para saber se comunicar
com profissionais de outros países e aprender com outras culturas, é
imprescindível a fluência em outro idioma, além do português.
As
fontes sempre devem ser citadas. Escrever, pesquisar, ler, anotar, perguntar...
Tudo isso dá trabalho. E ninguém gostaria de ver o resultado do seu esforço
publicado com o nome de outra pessoa em um blog ou qualquer outro lugar.
Por
isso, sempre que precisar do conhecimento, das palavras ou do trabalho de
outros profissionais, deve-se dar os devidos créditos. Não importa se foi uma
simples entrevista de três perguntas ou se foi uma pesquisa em um trabalho de
500 páginas, o autor merece ser citado.
Por
fim, além da importância da comunicação para transmitir conhecimento à
população em geral, é necessário investir na comunicação com outros
profissionais das áreas rurais. Os engenheiros agrônomos trabalham de forma
integrada com outros profissionais, como zootecnistas, engenheiros florestais e
até veterinários. Investir na comunicação com estes e outros profissionais
agrega conhecimento e possibilita uma troca de informações que é vantajosa para
todos.
Portanto,
quanto mais a população em geral e outros profissionais da área conhecerem as
funções do engenheiro agrônomo, mais o seu trabalho será reconhecido e
valorizado.
Texto da Jornalista Manuela Macagnan
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